domingo, 16 de outubro de 2011

Dos dias raros


Dos dias raros

Raros como neve no Brasil
Raros como chuva no nordeste
Raros como florestas
Raros como arara azul
Raros como salário digno
Raros como educadores
Raros como políticos honestos
Raros como cidadãos corretos
Raros como inocência
Raros como cumplicidade
Raros como generosidade
Raros como incondicionalidade
Raros como amizades verdadeiras


Dos dias raros observo que sua raridade se fundamenta na sensação de plenitude, onde a liberdade entra em harmonia com o comprometimento, tornando cada momento do dia um espaço preenchido por satisfação e sentimento.

Melissa Mendonça M. Braga

domingo, 21 de agosto de 2011

Meu gostar

Gosto dos sentimentos, gosto de intensidades, gosto do romantismo, do cavalheirismo, da educação, da pureza, da inocência, gosto da naturalidade, gosto de coisas simples, gosto de tantas coisas. E gosto do amor. Gosto muito de amar o amor. Não tenho vergonha, não me importo em parecer brega, nem de ser careta. Acredito no melhor das pessoas e gosto de ainda ter essa capacidade de ingenuidade, há tanto tempo perdida. Ou talvez nunca tenha passado de um mito. Se for assim, me sinto melhor ainda. Isso faz com que eu me sinta única, de um valor irrefutável. Ou talvez uma boba, que acredita em contos de fadas. Não gosto de desistir das pessoas, mesmo que isso traga sofrimento. Gosto de tentar fazer com que os outros enxerguem tudo o que é bonito em essência. Gosto da bondade, da humildade, da integridade, da generosidade. Não gosto do ser humano, mas reconheço que essas são características qualitativas provenientes dele. Gosto das palavras, da escrita, da leitura, do conhecimento social psicológico e introspectivo. Gosto de estar em casa, em família. Gosto de estar com os amigos e, às vezes, sozinha. Mas gosto mesmo é de ter companhia. Gosto de ouvir música, de ver o sol nascer e de vê-lo se pôr. Gosto da noite, da madrugada, do silêncio. Gosto do sol da manhã ao tocar a pele e do frescor da água do mar ao tocar os pés. Gosto de viajar, gosto de férias. Gosto de artes e de bom senso. Gosto de conhecer coisas e pessoas novas. Gosto de me envolver, de receber e dar atenção, de me sentir e de ser importante para alguém. E de poder cuidar de alguém. Gosto de ecologia e ambientalismo, gosto de sustentabilidade. Gosto da coragem e da iniciativa, embora eu nem sempre as tenha. Sou adepta da sinceridade e da honestidade em quaisquer situações. Não gosto de pedir, de receber, nem de dar satisfação. Não gosto de cobrar. Existe uma coisa chamada livre arbítrio. E eu gosto do respeito. Não me importo com o que vão pensar de mim, e isso não é ser revoltadinha. Mas só eu sei o que eu faço ou o que eu deixo de fazer, não preciso provar nada para ninguém, nem convencer ninguém de nada. Não tenho medo de me expressar, de falar de mim. Aliás, gosto muito de me expressar. Autoconhecimento. E gosto de deixar que me conheçam. Gosto de ser transparente, de servir de bom exemplo e de ser admirada por ser quem sou. Tenho meus princípios e minhas teorias, mas sempre escuto o que os outros têm a dizer. Absorvo tudo o que me parece enriquecedor, mas como qualquer imperfeito ser humano, às vezes, atenho-me ao que não devo, ao improdutivo. Tenho plena certeza de que são poucas as pessoas que sabem alguma coisa de verdade. E tenho certeza de que algumas fazem questão de querer parecer ser a parte negativa do que é ser ser humano. Não tenho medo de ser magoada, nem de magoar os outros. Mas isso não quer dizer que eu goste de magoar ou de ser magoada. É só que eu aprendi a ser forte, e espero que os outros também tenham aprendido, se não aprenderam, espero que aprendam. Superação. Medo de sentir não leva ninguém a lugar algum. Gosto de detalhes, sorrisos e olhares. Gosto de observar, prestar atenção. Gosto de caráter, de abraço, de carinho. Gosto de sentir o calor quando está frio. E de tocar o rosto quando gosto de alguém. Gosto de ser companhia, gosto de ser companheira. Gosto quando as pessoas me dão espaço para eu ser o que eu gosto de ser. Gosto da paciência, da calma e da sensibilidade. Posso errar muito, posso não fazer sempre o melhor que eu sei fazer, posso não me dar o devido valor de vez em quando ou quase sempre, mas eu o reconheço. Não sou a melhor pessoa do mundo, claro. Mas eu tenho orgulho de mim.


Melissa Mendonça M. Braga

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Domingo, 24 de julho de 2011

Depois de um dia improdutivo, os 20 minutos em que pude estar com quem eu queria estar, fez toda a diferença. Após isso, por alguns segundos, enquanto tomava um banho quente, consegui sentir a intensidade do meu silêncio que desencadeou em uma série de pensamentos.
O ser humano costuma fazer uma distinção tão breve do certo e do errado, que a percepção tende para a execução do certo, às vezes, sem dar tempo de analisar a situação.
Nós temos a mania de preferir aquilo que parece mais fácil e mais certo, mais seguro, e isso inclui o não arriscar, é quase um abrir mão de um pequeno bom momento, para mais tarde evitar uma decepção maior. A questão é que nós não podemos fazer todas as nossas escolhas se baseando no futuro, é incerto demais.
A nossa vida é feita de momentos, então, não temos nenhum motivo para deixar de fazer o que queremos, só porque achamos que deveríamos querer outra coisa. A vida continua passando, não existe essa de "é o melhor pra mim agora", "é o melhor pra você agora", o melhor para qualquer um agora, é o que lhe trará satisfação agora, a vida não é cumulativa. Mais tarde, é provável que você se lembre de tudo o que você perdeu, de tudo o que deixou passar só para evitar decepções, e esqueça daquilo que você conseguiu evitar. Até porque ninguém se lembra do que não aconteceu. Nós só devemos nos arrepender do que não fizemos, e para evitar arrependimentos, é só não deixarmos de fazer.
Sua vida é o presente, se uma coisa te faz bem, agarre-a, busque-a e a assuma sem medir esforços, mesmo que você desconfie ou até mesmo que saiba, que mais tarde isso poderá te complicar, te magoar ou magoar alguém. Mais tarde é mais tarde, e você nem sabe se estará vivo até lá. Sua vida vai passar e você só terá ficado na vontade, sentado ali na arquibancada querendo jogar.
Foda-se se você vai parecer um idiota, um escroto, se vai parecer insensível ou sentimental. O que não pode é ficar pensando depois em como teria sido se você tivesse feito o que queria, do jeito que queria, se tivesse dito o que queria, na hora que queria.
Aqui é cada um por si, se você não fizer, ninguém o fará por/para você.


Melissa Mendonça M. Braga

quarta-feira, 1 de junho de 2011

autodestruição

o sangue preto em minhas mãos
hoje é do meu coração,
queimado ao tentar ser aquecido.

a ferida em carne viva
como marca de conhecimento
foi deixada em minha testa para ser lida.

o tecido necrosado nos pés
causado pelo esforço em vão
me impede de continuar seguindo.

os arranhões em minha barriga
ganhei de tanto rastejar
por quem não meceria o meu cuidado.

essa doença que me faz e me destrói
desinibida ao se manifestar em meu sistema
é meu único problema não resolvido.



Melissa Mendonça M. Braga

sexta-feira, 22 de abril de 2011

autoconhecimento

Sou adepta do amor
Vivo de sentimentos.

Por vezes egoísta
Mas com essência filantrópica
Indecisa e receosa
De timidez predominante.

Inconstante, zerada de orgulho e razão
Considero que a injustiça domina a humanidade
Num sentido familiar.

Não me importo com fraquezas
Somos seres impetuosos e errantes
Em uma busca incessante
De querer se encontrar.

Ciúme é meu sobrenome
Mas não o deixo no controle
Para não causar estrago
Liberdade é virtude, é preciso ter cuidado.

Ninguém me pertence, não sou dona de nada
No máximo da minha vida, pra não ser inadequada.

Gosto de amar e de cuidar
Mas cada um sabe o que faz
Não me intrometo, mas me preocupo
Eu não deixo para trás.

Acredito no carinho e no respeito
E que sensibilidade já é preceito
Pra quem é bom sofredor.

Meus príncipios são só meus
Sou devagar, não tenho pressa
Estou farta de promessas
Mas não me importo em sentir dor.


Melissa Mendonça M. Braga

sábado, 16 de abril de 2011

de passagem

uma menina tímida, de bondade exacerbante
num caminho entediante de tentar se encontrar
foi caindo e se lembrando de tudo que o fora quando era uma criança
e não queria mais chorar
lembro de fotos que foram tiradas
de pessoas que ainda são lembradas
e outras já nem tanto, mas não importa já o quanto
se faz de sacrossanto para poder se lembrar
tantos amigos que jurei serem eternos, hoje não os conheço mais
tantas brincadeiras idiotas que um dia pareceram ter sido essenciais
minha vida foi passando e eu não me dei conta
meus 15 anos chegaram e o amor me encontrou
até hoje ele me ronda, não me deixa mais em paz
me disseram que dali seria tudo muito rápido
eu não dei ouvidos mas hoje não faço tipo de querer me apressar
tenho quase 20 anos e não sei onde é que anda minha cabeça no lugar
o amor continuou
me maltrata e me espanca
mas uma hora isso me cansa
e não tardo a me cuidar
ele se acomodou e construiu um ninho
que hoje só tem espinho
e na esperança se encontra
de abrigar um passarinho
que sozinho já não queira mais voar
que se sinta um ser querido
e que faça eternamente
do meu coração
seu lar.


Melissa Mendonça M. Braga

sexta-feira, 15 de abril de 2011

O habitat do amor

o amor que aqui habita, vive na simplicidade
respira células, come corações e bebe sangue
o amor que aqui habita, de utopia é preenchido
tem cheiro de pele, cor de cabelo e gosto de glicose
o amor que aqui habita, de incertezas se desfaz
seu poder absoluto te torna incapaz
o amor que aqui habita, é vestido de vermelho
parece com aquilo que se reflete no espelho
o amor que aqui habita, pode ser venenoso
não tem cura, enfraquece e é contagioso
o amor que aqui habita, é altamente corrosivo
destrói seus neurônios e te deixa impulsivo
o amor que aqui habita

é incerto, é perspicaz,
é agradável, é doloroso
é divino e é maldoso
é essência, é volátil
é ar, é sangue, é vida
o amor que aqui habita
habita em mim.


O habitat do amor sou eu.


Melissa Mendonça M. Braga

quinta-feira, 24 de março de 2011

vou vivendo

vou vivendo e sendo como posso
e como quero
por vezes me arrependo, e pendo de amor
por vezes enobreço, mas em berço sinto dor
quando vejo e reconheço
percebo o quanto eu quis andar
por um caminho que desconheço, que não devo desdobrar
da vida pouco levo
uns amigos pra manter
a minha juventude que não quero corromper.
vou vivendo e sendo como posso
e como quero
por vezes me engano, e tento consertar
por vezes tenho medo, mas não tardo a prolongar
onde encontro aquele ser
que me fará feliz?
vou ficando mas não quero ser pra sempre aprendiz
quando sigo o caminho errado
dou meia volta e volto a voltear
e quando eu paro: eu não saí nem do lugar.
vou vivendo e sendo como posso
e como quero
por vezes me esqueço, e cresço em enfraquecer
por vezes fico cego, e deixo de aprender
como quando eu sou fraco
sinto o vazio que me faz
quando estou dentro de mim, recupero a minha paz
eu tenho aqui comigo
o que preciso pra viver
a vida que eu quero pra sempre enaltecer.



Melissa Mendonça M. Braga

domingo, 16 de janeiro de 2011

?

Por que pedimos tanto por dor e sofrimento? Será que ainda não percebemos que somos frágeis demais para suportar isso?
Por que fazemos promessas? Será que já não falhamos o bastante?
Por que ainda acreditamos em promessas? Será que já não nos decepcionamos o bastante?
Por que esperamos tanto dos seres humanos? Será que já não fomos desapontados o suficiente?
Digno de confiança é o Senhor.

"E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram." (Apocalipse 21:4)


Melissa Mendonça M. Braga