quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Não sei

    Sou do tipo de pessoa que costuma se omitir. Para quem, habitualmente, usa a expressão "não sei" como resposta.

    Não sei que horas são.
    Não sei que dia é hoje.
    Não sei em que mês estamos. Perdi a noção do ano.
    (Tanto faz)
    Não sei de onde vim.
    Não sei onde moro.
    Não sei pra onde vou.
    (Pouco importa)
    Não sei o que é ser ser humano.
    Não sei quem sou eu.
    Não sei pra que sirvo.
    Não sei a função de inúmeras coisas.
    (...)
    Não sei ser receptiva.
    Não sei ser educada.
    Não sei ser gentil. Nem graciosa.
    Não sei ser o que esperam que eu seja. Até porque não sei o que esperam.
    Não sei o que é ser uma boa pessoa. Mas também não sei o que é ser má.
    -
    Não sei costuma ser um meio termo. Um tanto faz. Um não importa. Um não sei.
    Meio termo é pela metade. Não está vazio, mas nunca estará completo.
    Meio termo poderia ser equilíbrio. Nem mais pra lá nem mais pra cá. No equilíbrio o peso é igualmente exato dos dois lados. Mas equilíbrio jamais poderia ser meio termo. Porque meio termo não tem vigor. É obsoleto. Inútil. E equilíbrio é harmonia. É paz.
    (?)
    Não sei o que são palavras para um ser humano. Não saberia definir.
    Não sei o que querem dizer.
    Não sei nem porque ainda dizem alguma coisa.
    Não sei, sinceramente, não sei de nada. Por favor, não me perguntem.


Melissa Mendonça M. Braga

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Solilóquio

Talvez eu diga sim. Talvez eu diga não. Possibilidades duvidosas e incertas. Eu nunca tive certeza disso. Nem você.
Talvez você se arrependa, talvez seja eu a me arrepender, embora seja pouco provável. Talvez tudo fique como está e nada seja resolvido. Talvez eu não faça nada. Talvez você faça mais do que deveria. Talvez eu seja esquecido. Talvez você seja importante. Talvez não sejamos ninguém.
Talvez você faça amigos. Talvez eu seja seu amigo. Talvez você nem me conheça. Talvez eu seja o único que te entenda. Talvez eu ame você. Talvez você não saiba. Talvez eu me force a te amar.
Talvez eu não conheça meus pais, às vezes. Talvez você conheça os seus. Talvez você tenha um cachorro. Talvez eu não note o meu, às vezes. Talvez você tenha tido uma infância feliz. Talvez eu também tenha tido, mas não tenha percebido.
Talvez, na minha cabeça, nada tenha razão. Talvez você enfatize-a demais. Talvez não. Talvez você queira muito alguma coisa e diga que não quer. Talvez eu perceba e o faça admitir. Talvez você não queira mesmo. Talvez quem queira seja eu.
Talvez você goste de matemática. Talvez eu esteja cheio de dívidas e cansado de contas. Talvez você não tenha tanto dinheiro. Talvez eu ambicione o dos outros. Talvez não.
Talvez você tenha filhos. Talvez eu não queira tê-los. Talvez você seja impaciente. Talvez eu até goste de crianças.
Talvez lhe falte tempo. Talvez eu viva mais do que gostaria. Talvez você me inveje, às vezes. Talvez eu não te entenda mais por isso.
Talvez você até me ame. Talvez eu sempre esteja com você. Talvez você não me queira pra sempre. Talvez eu tenha que conviver com você. Talvez você não goste. Talvez eu também não goste. Talvez você se irrite. Talvez eu não consiga me controlar. Talvez você fique insano. Talvez eu ria de você. Talvez você se mate e, quando se matar, talvez eu morra.


Melissa Mendonça M. Braga

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Você e o tempo

O tempo vai passando, os rumos vão mudando, as pessoas vão se distanciando e você vai se acostumando. Ou não.
Foram tantos os momentos bons, tantos os ruins, os que não significaram nada e os que até hoje significam tudo. Se hoje você é o que é, tenha certeza que é por tudo o que você passou e por tudo que deixou passar.
Seus amigos já não tão amigos às vezes lembram de te procurar, em sua maioria costumam esquecer, você é que tem que lembrar. Você procura e procura e um dia simplesmente cansa de tanto procurar por aquilo que você sabe que não mais irá voltar. Você não entende mais da vida daquela pessoa como um dia já soube entender, você não tem mais o que dizer, não quer mais se intrometer, aquela é uma vida que não cabe mais a você.
Assim como o tempo, as pessoas também passam, às vezes parece não ter fim, às vezes parece que foram apenas segundos, uns são agradáveis ao passar, como pétalas deixadas cuidadosamente sobre um altar, outros parecem fincar agulhas que criarão feridas que jamais irão cicatrizar. E você pensa. E pensa.
E a vida vai passando, lenta ou rapidamente, e você vai esquecendo de lembrar antes de esquecer. Não há nada novo demais. Não há nada velho demais. Tudo parece um presente expectado e prolongado. E dói. Dói muito. Fica vazio. Vazios não costumam fazer com que nos sintamos bem.
E a vida vai passando, lenta ou rapidamente, e você vai envolvendo os significados de todos em sua vida, cada riso, cada choro, cada briga, cada chegada e cada despedida. Despedidas são difíceis. Você se sente perdido. Você se sente obrigado a encontrar algo que lhe sustente. É difícil completar algo que nunca esteve completo, e você só percebe isso quando fica mais incompleto do que está agora. Você fica à deriva, e isso fica evidente.
Alguns se adaptam facilmente às mudanças, outros não. Uns acomodam-se do jeito menos complicado e se dão por satisfeitos, sem ao menos perguntar se o que está ali é, de fato, o que você realmente quer, se é o melhor pra você. Como já disse em algum lugar, o tempo não é o mesmo para todos, tente não se apegar às coisas ou pessoas que passarão rapidamente, embora não tenha como saber. Ou então se apegue às coisas e às pessoas, e aproveite-as ao máximo, faça todo o possível para que elas permaneçam o maior tempo que puderem, e quando elas se forem, chore muito e se lamente. Fique confuso e pergunte por que tudo parece ser desastroso apenas pra você. Sinta-se a exceção à todas as regras. Depois, sinta-se desinteressante e igual a todos.
E depois as pessoas te julgam e me julgam por ser complicado, por não ser objetivo e direto e firme. Mas como ser objetivo e direto e firme em mundo tão relativo, onde há variações em tudo o que se cria, em tudo o que se vê, onde há perspectivas de infinitos ângulos? Tudo depende de tudo. Nada é por si só. Pelo menos, não neste mundo. Você é o que é, não por uma escolha sua, nem por uma escolha dos outros, você é o que é por ser a única opção que lhe resta. O único só é único porque tudo se transforma, nada permanece igual. Se a opção é única, ela é exclusiva a você, o que o torna único, percebe? Não? Talvez eu também não perceba, mas o que importa? Somos o que somos, não somos por nós mesmos nem pelos outros, mas somos pelo tudo. E o tudo é pelo nada que nada é por si só.


Melissa Mendonça M. Braga

sábado, 24 de abril de 2010

Outubro

Nasci dia 15 de Outubro de 1991, a estação que segue nesta época é a Primavera, no hemisfério sul, chamada de Primavera austral. ‘É tipicamente associada ao reflorescimento da flora e da fauna’ (Wikipédia), digamos que possa significar também o renascimento, o início de uma vida nova, colorida, literalmente falando, florida. Como muitos sabem, as estações aqui no Brasil não são muito definidas, o que ocasiona uma confusão na identificação das estações de acordo com suas épocas. Assim sendo, retratarei o que vejo no meu mês.

Meu Outubro é meu

Primeira noite de Outubro
O nublado do céu dissipou
É possível acompanhar o surgimento das estrelas
E o vento...Ah, o vento! Ele sopra frio e leve

Na velocidade da chuva meu espírito devaneia
Escuridão de uma noite que sozinha desnorteia
Meu Outubro é de bruxa
Não existe afeição, tudo o que se vê é somente solidão

No ritmo do sol meu frágil corpo queima
Células de um organismo que nunca teve veias
Meu Outubro é de médico
Por isso só lamenta, a lágrima do choro de uma vida que inventa

Na cor das folhas meu delicado dinheiro pinta
Verde de uma nota que nunca está extinta
Meu Outubro é de Bill Gates
Puro magnata, na tecnologia nunca fora uma cascata

No tom das palavrinhas minha doce voz venera
Inteligência de um ser que por mim se repusera
Meu Outubro é de professor
É todo paciência, na arte de falar é pura eloqüência

No compasso do rio meu rubro coração canta
Sentimentos de uma valsa que nunca foi dançada
Meu Outubro é de criança
Não sabe dançar valsa...só pula e pula e gira

Meu Outubro é meu



Melissa Mendonça M. Braga

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Tão dependente

Tão dependente
da minha vida, eu começo
Quando você quiser que eu pare
Paro! Saberei o que te incomoda
Então.

Tão dependente
do seu sorriso, eu rio
Quando você achar que eu não o entendo
Entendo! Desconfiarei do que você sente
Em tempo.

Tão dependente
do seu olhar, eu vejo
Quando você parece esquecer
Lembre! Inocentemente eu preciso de você
Sempre.

Tão dependente
do seu cheiro, eu sinto
Quando você estiver por perto
Aproxime-se! Verdadeiramente esqueci como é viver
Sem você.

Tão dependente
do seu abraço, eu sonho
Quando você quiser me acordar
Acorde! Segure a minha mão, não haverá senso
De direção.

Tão dependente
do seu beijo, eu sei
Quando é só você que eu desejo
Volte! Porque você é a única solução
De tudo.

Tão dependente
da sua voz, eu digo
Quando sentir saudade
Sinta! Estarei no mesmo lugar, apenas
Me siga.

Tão depentende
da sua vida, eu terminei
Quando você quiser que eu continue
Continuo! Saberei o que te importa
Enfim.


Melissa Mendonça M. Braga