sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Você e o tempo

O tempo vai passando, os rumos vão mudando, as pessoas vão se distanciando e você vai se acostumando. Ou não.
Foram tantos os momentos bons, tantos os ruins, os que não significaram nada e os que até hoje significam tudo. Se hoje você é o que é, tenha certeza que é por tudo o que você passou e por tudo que deixou passar.
Seus amigos já não tão amigos às vezes lembram de te procurar, em sua maioria costumam esquecer, você é que tem que lembrar. Você procura e procura e um dia simplesmente cansa de tanto procurar por aquilo que você sabe que não mais irá voltar. Você não entende mais da vida daquela pessoa como um dia já soube entender, você não tem mais o que dizer, não quer mais se intrometer, aquela é uma vida que não cabe mais a você.
Assim como o tempo, as pessoas também passam, às vezes parece não ter fim, às vezes parece que foram apenas segundos, uns são agradáveis ao passar, como pétalas deixadas cuidadosamente sobre um altar, outros parecem fincar agulhas que criarão feridas que jamais irão cicatrizar. E você pensa. E pensa.
E a vida vai passando, lenta ou rapidamente, e você vai esquecendo de lembrar antes de esquecer. Não há nada novo demais. Não há nada velho demais. Tudo parece um presente expectado e prolongado. E dói. Dói muito. Fica vazio. Vazios não costumam fazer com que nos sintamos bem.
E a vida vai passando, lenta ou rapidamente, e você vai envolvendo os significados de todos em sua vida, cada riso, cada choro, cada briga, cada chegada e cada despedida. Despedidas são difíceis. Você se sente perdido. Você se sente obrigado a encontrar algo que lhe sustente. É difícil completar algo que nunca esteve completo, e você só percebe isso quando fica mais incompleto do que está agora. Você fica à deriva, e isso fica evidente.
Alguns se adaptam facilmente às mudanças, outros não. Uns acomodam-se do jeito menos complicado e se dão por satisfeitos, sem ao menos perguntar se o que está ali é, de fato, o que você realmente quer, se é o melhor pra você. Como já disse em algum lugar, o tempo não é o mesmo para todos, tente não se apegar às coisas ou pessoas que passarão rapidamente, embora não tenha como saber. Ou então se apegue às coisas e às pessoas, e aproveite-as ao máximo, faça todo o possível para que elas permaneçam o maior tempo que puderem, e quando elas se forem, chore muito e se lamente. Fique confuso e pergunte por que tudo parece ser desastroso apenas pra você. Sinta-se a exceção à todas as regras. Depois, sinta-se desinteressante e igual a todos.
E depois as pessoas te julgam e me julgam por ser complicado, por não ser objetivo e direto e firme. Mas como ser objetivo e direto e firme em mundo tão relativo, onde há variações em tudo o que se cria, em tudo o que se vê, onde há perspectivas de infinitos ângulos? Tudo depende de tudo. Nada é por si só. Pelo menos, não neste mundo. Você é o que é, não por uma escolha sua, nem por uma escolha dos outros, você é o que é por ser a única opção que lhe resta. O único só é único porque tudo se transforma, nada permanece igual. Se a opção é única, ela é exclusiva a você, o que o torna único, percebe? Não? Talvez eu também não perceba, mas o que importa? Somos o que somos, não somos por nós mesmos nem pelos outros, mas somos pelo tudo. E o tudo é pelo nada que nada é por si só.


Melissa Mendonça M. Braga

Um comentário:

Carol disse...

Muito bom esse.... Gosto da parte: "...então se apegue às coisas e às pessoas, e aproveite-as ao máximo, faça todo o possível para que elas permaneçam o maior tempo que puderem...". \o/